Não que eu esperasse que o tempo me dissesse algo, me desse conselho, me tomasse no colo e me renovasse pra de novo seguir em frente. Não era isso. Eu só necessitava dele, a minha pessoa necessitava de um tempo inteiramente meu. E talvez isso eu pudesse ter por completo, ou não tão completo, mas apenas pudesse ter. Não era a melhor maneira, eu sabia que esse tempo isolado me atrasaria para o tempo coletivo que, quem sabe, me curasse mais fácil. Mas eu só precisava que nesse tempo pudesse entender o que queria, necessitava e o que voltaria a me fazer sorrir. Demorou um pouco, mas descobri. O tempo não me curou as dores, como muitos esperam, o tempo me ensinou a curá-las da maneira correta. Aceitando-as e indo atrás de novas dores para chorar. Até achar a que apenas me fizesse sorrir. Sei que se você parar pra pensar o tempo pode até ser algo bem mais cômico que trágico, dependendo muito do ponto de vista. Pode ser de auto-ajuda, ou céus, de destruição. Mas analisando bem, eu realmente necessitei desse tempo, esse tempo que eu chamo de meu tempo. Minha auto-analise. Nunca concordei com aqueles que achavam que deixar o tempo passar, simplesmente, fariam as coisas melhorarem. Não quero que passe, quero tomá-lo pra dentro de mim e poder controlar. Quero poder dizer a hora em que começa e a hora em que termina. Acho mesmo que às vezes temos de parar no meio a tudo e tomar um pouco de espaço pra gente. Pra nós mesmos. Ou se preferir, em singular, para você, para mim. É necessário que se aprenda, que se saiba, que no meio a tantas dores a maior das lutas é descobrir que a própria cura é você mesma. E o quanto o seu sorriso vale a pena. Não que eu esperasse que o tempo me dissesse algo, mas de alguma forma ele me mostrou que amor puro só existe depois de muitos amores envenenados.
- Dani Correa
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